O assunto bolha imobiliária já está em moda aqui no Brasil desde o inicio do boom, há uns 6 ou 7 anos. Quando a crise americana de 2008 estourou, muitos entenderam que o Brasil estava seguindo o mesmo rumo. Para surpresa de muitos, aquilo era só o começo.
De Setembro de 2008 a Setembro de 2010, os preços dos imóveis subiram aprox. 50% no Brasil segundo o FIPE/ZAP. Isso em média, porque muitos lugares apresentaram altas ainda maiores!
Em Setembro deste ano, Bob Shiller, prêmio Nobel e professor de Yale, um dos maiores especialistas do assunto no mundo, sugeriu que poderia haver uma Bolha Imobiliária no Rio e em São Paulo.
Há ou não há bolha no Brasil?
Particularmente acredito que não. Na minha opinião, os preços dos imóveis subiram de forma tão acentuada no período por fortes mudanças estruturais no país. Os juros caíram, o prazo de financiamento aumentou para até 35 anos, os bancos ampliaram a oferta de crédito imobiliário, a renda do brasileiro subiu e o desemprego caiu a níveis recordes. Tudo isso ajudou a pressionar a demanda por imóveis.
No Rio, a cidade onde os preços mais subiram, pode-se adicionar mais uma cesta de motivos: a pacificação dos morros, as inúmeras obras de infraestrutura como corredores Brt, metrô que enfim chega a Barra, abertura de novos túneis, novas vias, o Parque de Madureira, o Porto Maravilha etc… que tornaram o Rio o maior centro de obras de infraestrutura do mundo.
Como se não fosse suficiente, o Rio ainda se tornou a futura sede dos 2 maiores eventos esportivos do planeta. E lembre-se, com a descoberta do pré-sal em 2007, o Estado do Rio, como sede natural da exploração de petróleo no Brasil ganhou novos investimentos e um novo futuro.
Os preços subiram muito e continuam subindo, mas num ritmo bem menor. Para se ter uma ideia, de 2008 a 2009 os preços dos imóveis no Rio subiram em média 1,4% ao mês. De 2010 a 2011, no auge do boom, a média foi de 2,6%. Em 2012, a média caiu para 1,2% mesma média que permanece este ano (até Out/13). Mas dá sinais de que continua esfriando. Em Outubro a alta ficou em 0,9%, o 2º crescimento mais baixo desde ago/08. Perde apenas para o mês anterior, setembro, em que o crescimento foi de 0,8%. Altos ainda, mas nada comparado aos 3% ao mês que chegou a crescer entre 2010 e 2011.
A situação do Brasil mudou e é esperado que as altas continuem diminuindo. Muito dos benefícios já foram precificados ao longo dos anos. Outros, deixaram de existir. O otimismo de 2010 ficou para trás e a alta da SELIC de alguma forma deve ajudar a esfriar o mercado. As quedas sutis que já se observam em alguns bairros na Zona Sul do Rio devem ser mais recorrentes mas não acredito em estouro de bolha. Uma correção pontual em alguns lugares em que o preço subiu demais. E continuará crescendo em alguns outros lugares, mas movimentos mais leves.
Bom, no mais, só o futuro dirá.
Abraços!
Fala Riko! Tudo bom meu camarada?
Então, não sei se sou tão otimista quanto você, mas eu concordo ctg quanto à bolha imobiliária: não há esse temor. O preço aumentou com à procura ao Brasil devido à desvalorização da moeda, crises estrangeiras, e, por conta dos eventos que estão acontecendo (ou marcados para acontecer) no país, principalmente no Rio, que está em evidência internacional. Interessante você mostrar que os preços dos imóveis estão subindo mais devagar do que anos anteriores, mas pode ser porque ao mesmo tempo em que a procura aumentou, a oferta está cada dia maior: obras e mais obras estão “pipocando”, e corretores fazendo negócio.
Concordo com suas explicações para o aumento, e se “me permite” gostaria fazer o adendo da política protecionista do governo brasileiro, que favorece o produtor nacional e permite a pressão por melhores salários. Além disso, e enxergo como estratégia política, o governo está inchando a máquina pública e pagando altos salários para servidores (que ainda costumam ter segundo emprego ou negócio), o que também pode explicar uma pressão da demanda.
Porém, e como eu disse antes, minha visão é menos otimista: acho que essa alta dos preços dos imóveis é devido a uma superestimação propagandística do Brasil, associada principalmente à política protecionista e à desvalorização da moeda. O governo precisa ficar de olho aberto e investir mais ainda no mercado nacional inovador, pois ao passo que, como você bem disse, houve uma queda do desemprego, também paga-se imposto como nunca aqui.
Abraçøs
Fala Vitor, obrigado pelo comentário! Sobre a visão otimista, no momento não me vejo tão otimista assim. Os preços estão arrefecendo em todo o Brasil (exceto no Rio). Mas vejo o comportamento do mercado imobiliário em função de 2 variáveis: a) preço; b) liquidez (quanto tempo para fechar o negócio).
Mal temos hoje uma boa referencia de preços já que o ZAP acompanha apenas os preços anunciados (e mesmo esse acompanhamento só tem 6 anos) e não os efetivos. Não temos dados bons sobre o comportamento da liquidez, mas meu palpite é que hoje tem se levado mais tempo para se fechar um negócio aos preços atuais do que se levava em 2010.