Economia Real
O ano marcou o ensaio de um otimismo maior com as economias dos EUA e Europa. Dados melhores de atividade e emprego, recuperação no preço das moradias e recorde absoluto nas bolsas de valores nos EUA marcaram mas não foram flats. Em alguns momentos, vale lembrar que os dados sugeriam que a recuperação seria mais devagar do que o esperado. Mas no todo, o saldo foi muito positivo aos EUA.
A Europa saiu da recessão, e muitos países mostraram evolução fiscal significativa, mostrando que os resultados da contenção de gastos públicos. O crescimento em si foi tímido, mas o mais importante é que o dever de casa parece ter sido bem feito e a Europa parece estar arrumando a casa para viabilizar um futuro melhor.
A Ásia veio com os 2 gigantes em posições opostas. No inicio do ano temia-se muito pelo crescimento da China. No 2º semestre os números vieram bons e afastaram o temor. Já o Japão viveu o inverso. Começou o ano como a “nova” sensação da economia mundial, otimismo fruto da eleição do presidente Shinzo Abe e seu plano econômico ousado (conhecido como Abenomics). No final vieram resultados positivos mas que parecem ter frustrado os mais otimistas.
No Brasil… ahh o Brasil. Esse ano sofremos as consequências negativas das maluquices que a dupla Guido-Dilma aprontou ao longo de 2012. Foram tantas intervenções, maquiagens, corre prum lado que eu corro pro outro que no final, os investidores fugiram. Depois do resultado fraco de 2011 (em meio a todo aquele otimismo em torno do Brasil), o mundo esperava algo mais de 2012. Mas foram tantas lambanças que impossibilitaram até 2013 de ser bom como poderia ter sido.
O mais curioso disso tudo é que apesar dos números de produção terem vindo bem abaixo do esperado, a sensação é que a qualidade de vida do brasileiro não deteriorou no mesmo ritmo. Reclamões vão sempre reclamar, mas renda e emprego continuaram em alta durante todo 2013 apesar da baixa produtividade. Me parece insustentável a longo prazo.
Inflação
O IGP-M fechou a 5,51% e o Boletim Focus de 20/12 aponta IPCA de 6,05% no ano. Ou seja, mais um ano de inflação acima da meta de 4,5%. O Governo adotou os 6% como o novo centro da meta, é o que parece. Mas diz que não, o que é pior. Isso confunde todo mundo.
A questão da inflação pode até parecer ruim mas na verdade, é pior. Ela se manteve no intervalo da meta a custa de preços administrados artificialmente baixos. Depois de afundar a Eletrobras, esse ano foi a vez da Petrobras.
Ajudou a segurar a inflação também o cancelamento do reajuste no valor do transporte publico das principais cidades do país no meio do ano. Não fosse estes artifícios…
Volatilidade é o seu nome. Este ano o dólar iniciou a R$2,05, atingiu R$1,95, depois foi a R$2,45, voltou a R$2,16, voltou a R$2,39… e ufa… sexta feira, 27/12 estava sendo negociado a 2,35, que é também a taxa de fechamento do ano estimada pelo mercado segundo o Boletim Focus. Foi o grande assunto financeiro do ano.
Vamos relembrar as etapas de sobe e desce:
1) Guido-Dilma achavam que o real deveria se desvalorizar para fazer frente ao “tsunami monetário” e dar competitividade a industria nacional – dólar sobe.
2) Guido-Dilma se deram conta de que o câmbio alto pressionaria ainda mais a inflação já espremida – dólar desce.
3) Opa, o Fed anuncia que irá interromper o programa de estímulo monetário nos EUA mais cedo ou mais tarde – dólar dispara!
4) Especuladores agitam o mercado apostando que a alta se prolongará – dólar continua subindo.
5) Tombini (presidente do BACEN brasileiro) lança um programa de venda de volume alto de dólares (conhecido como ração diária) para frear a ação dos especuladores – dólar cai.
6) Janet Yellen é apresentada como a futura presidenta do Fed americano – dólar cai.
7) EUA, enfim anunciam que retirarão parte dos estímulos no inicio do ano que vem, o grande anúncio do ano – aí então, nada mais acontece.
O dólar mais alto acredito ter sido uma conquista para o Brasil este ano. No curto prazo é ruim por conta da inflação mas no longo prazo torna nossa economia mais competitiva. Em um dos posts desse ano apontei um “câmbio justo” de R$2,76. Hoje, a defasagem entre o valor de mercado e esse “câmbio justo” é menor.
Destaque negativo: a interferência do Governo causando volatilidade (desnecessária) do inicio do ano: a indecisão de Guido-Dilma na escolha indústria x inflação.
De positivo, a interferência do BACEN controlando a volatilidade (inevitável) do segundo semestre.
Dólar no ano: +15%
Euro no ano: +20%
Títulos do Tesouro
Um ano muito difícil para quem investe em títulos pré ou indexados. Um horror. Para se ter uma ideia, uma NTN-B Principal 2035 perdeu um terço do valor no ano. NTN-Bs, LTNs e NTN-Fs em geral apresentaram grande perda para os investidores. É claro que estas perdas não se materializam se você levar o título até o final, mas no mínimo, os investidores que as mantiveram perderam a oportunidade de vendê-las mais caro e recomprá-las mais barato.
A grande exceção foi a LFT (título pós fixado e portanto, mais seguro) que apresentou o bom resultado positivo superior a 8%.
Este ano foi a ressaca da farra nos títulos de 2012.
Bolsa
2013 certamente não foi o ano do Eike. A OGX levou a bolsa para o chão, principalmente no primeiro semestre. O que aconteceu com as empresas X é digno de entrar na história financeira mundial. Não é todo dia que um dos 10 homens mais ricos do mundo ve sua fortuna simplesmente desaparecer em tão pouco tempo. Quem apostou no X, se F no ano.
A Bovespa ao meu ver anda carente de boas noticias. A economia brasileira não anda empolgando muita gente. Existe uma ameaça de corte de rating que seria muito prejudicial. Isso sem falar no drama da Petrobras já citado acima.
Mas as duas grandes razões para queda do índice esse ano foram: A) Comportamento das empresas X; e principalmente, B) a valorização do dolar, que afugentou muitos investidores estrangeiros.
Positivamente, os maiores ganhos do Ibovespa¹ foram 1) Kroton (+71%); 2) Braskem (61%); 3) Tim (54%); 4) JBS (48%) e 5) Cielo (43%). A Kroton comprou a concorrente Anhanguera esse ano e se tornou o maior grupo de ensino do mundo. Aliás, o setor de ensino parece ter conquistado (a quase) todo o mercado (não a mim =P).
Negativamente, teve gente que fez uma bela companhia às X, como as empresas da construção civil: 1) MMX (-84%); 2) Brookfiled (-69%); 3) Rossi (-55%); 4) Marfrig (-54%); 5) Oi (-53%).
Abaixo, o comportamento mensal da Bolsa no ano (até 27/12):
Imóveis e FII
Os imóveis e os Fundos Imobiliários tiveram comportamentos bem distintos no ano. Enquanto o valor médio do m² no país subiu mais 13%, o IFIX (coincidentemente) caiu mais de 13%.
Apesar da quantidade de economistas e analistas que fizeram a caveira do investimento em imóveis em 2013, foi ele (além do câmbio) quem salvou os investimentos de maior risco no ano.
Os fundos imobiliários por outro lado, sofreram – assim como os títulos de renda fixa – com a alta da Selic, e só se safaram do troféu Abacaxi do Ano graças ao Eike.
Outros Investimentos
A Poupança voltou a render 0,5% a.m + TR, mas nem isso foi capaz de fazê-la superar a inflação.
Mas convenhamos, se compararmos com os resultados negativos dos títulos pré e indexados, da Bolsa, dos Fundos Imobiliários, até que a Poupança foi dos males o menor. Afinal, além do retorno maior que o deles, ela é menos arriscada e tem maior liquidez.
CDBs, LCIs e LCAs seguiram bem de perto a Poupança. Eles devem se tornar significativamente melhores que a Poupança em 2014, mas isso já é uma outra história…
Em resumo, em 2013 se deu bem quem investiu em 1) Imóveis, 2) Dólar/Euro, 3) LFT (apenas se safou). Se deu mal quem preferiu 1) NTN/LTN, 2) Bolsa e 3) Fundos Imobiliários.
Mais um ano que se vai, mais aprendizado que fica.
A todos um grande abraço!
Leia também: O que esperar para 2014.
Notas:
¹ (com base nas empresas listadas no fim do ano).
– Post fechado antes do último pregão de dezembro e do ano. Portanto, valores de fechamento do Ibovespa são aproximados.