Henriquecer98

1) Seu cunhado te liga pedindo um dinheiro emprestado. 2) Seus amigos marcam aquela viagem dos sonhos para Bali. 3) O carro que você sempre quis está 20% mais barato num feirão. Nestas 3 situações, te convido a se perguntar: você venderia seu imóvel para alguma dessas situações? Acredito que a resposta seja não. Mas mexer na sua caderneta de poupança é mais provável, certo? Isto é o que chamo de “a armadilha da liquidez” (que nada tem a ver com Keynes): a tentação de utilizar um ativo com liquidez para destinos que não os que você havia planejado de início para ele.

Já falei aqui, e ainda pretendo repetir futuramente, sobre a importância de manter uma reserva com bastante liquidez para cobrir uma emergência ou para aproveitar uma boa oportunidade (de vida ou de negócio). Liquidez é bom, mas em excesso ela pode te pregar uma peça. Ter ativos imobilizados como imóveis, LCIs longas etc te protegem de você mesmo e seus impulsos de curto prazo. Além disso, os produtos com menor liquidez tendem a apresentar rendimentos superiores para quem tem paciência.

O ideal é ter um portfólio distribuído entre ativos com liquidez maior e menor. O grau de liquidez ideal dos seus investimentos depende da sua personalidade e do objetivo do investimento. Neste ponto, o auto conhecimento é essencial. Se você se considera uma pessoa muito impulsiva, com dificuldade de manter o dinheiro parado rendendo, é melhor ter mais ativos com menor liquidez – como LCIs e alguns CDBs, ou até mesmo imóveis.

De certa maneira, pessoas com estas características já fazem isso. Eles consideram como investimentos: títulos de capitalização, compra de carros e consórcios. Infelizmente esta não é a maneira mais eficaz, mas para eles é uma forma de se protegerem de si próprios e, apesar de não apresentarem bons retornos, apresentam alguma vantagem para eles – o que é bem curioso já que eles rendem menos que a caderneta de poupança. O indisciplinado paga caro para se defender de si próprio e ainda assim, é melhor que o faça (dado que a outra alternativa seria não manter nenhum ativo protegido de si próprio).

Ter a disciplina e o auto controle te possibilitarão aproveitar as melhores oportunidades financeiras, mas por mais disciplinado que seja, ninguém está alheio a um surto imediatista. Por isso, acho importante todos manterem algum grau de seus ativos “imoblizados” (sem liquidez). Afinal como diz o ditado, dinheiro na mão é vendaval…

No mais, ainda para os que tem problemas com auto controle, sugiro trocar investimentos em “títulos de capitalização, carros e consórcios” por uns mais eficientes como CDBs, LCIs ou Previdência Privada. A menos que a intenção não seja de investir mas apostar em sua sorte (caso dos títulos de capitalização e consórcios) ou aproveitar um pouco mais de conforto com um carro novo melhor. Porque como investimentos, eu não escolheria nenhum deles.

O que é liquidez?

Segundo a boa definição do Wikipedia “Liquidez refere-se à velocidade e facilidade com a qual um ativo pode ser convertido em caixa. Ouro é um ativo relativamente líquido; uma instalação fabril não o é. Na realidade, a liquidez possui duas dimensões: facilidade de conversão versus perda de valor. Qualquer ativo pode ser convertido em caixa rapidamente, desde que se reduza suficientemente o preço. Um ativo de alta liquidez, portanto, é aquele que pode ser vendido rapidamente sem perda significativa de valor. Um ativo ilíquido é aquele que não pode ser convertido em caixa rapidamente, sem que haja redução substancial do preço.”

Exemplos de ativos com liquidez alta: Caderneta de Poupança, CDB com liquidez diária, Ações de Blue Ships etc.

Exemplos de ativos com liquidez baixa: CDB com liquidez no vencimento, Fundos Imobiliários com pouca liquidez, LCI, Imóveis etc. (também alguns títulos de capitalização e carros)

A todos um forte abraço!!

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