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Aprenda isso: economista adora a taxa de juros… parece que o mundo todo gira em torno dela. A inflação tá alta? É culpa do juros. O preço dos imóveis subiu? Juros. O desemprego aumentou? É o juros. O dólar caiu? Juros. Juros, juros, juros. Por que os juros são tão importantes?

O juros é o preço do dinheiro no tempo. É ele que dá o valor à moeda. Se os juros estão baixos, isso significa que a moeda está valendo pouco no tempo e vice versa. Por isso, grosso modo, juros altos combatem a inflação. Porque a moeda passa a valer mais, fica mais forte.

Por outro lado, como ela fica mais cara, também fica mais escassa. Com juros mais altos, o crédito retrai tornando o dinheiro menos acessível às pessoas. Como consequência, há uma tendência ao esfriamento da economia e aumento do desemprego.

Para elucidar melhor, se coloque no lugar de um empresário que deseja abrir um novo negócio (que aumentaria o emprego e o PIB) num ambiente em que os juros estão mais altos. Geralmente o empresário precisa de financiamento para isso. Mas o custo do financiamento estará mais alto (capital de terceiro mais caro). Além disso, o Custo de Oportunidade também estará mais alto (capital próprio mais caro).

Quando um empresário decide fazer um investimento, ele analisa o retorno do capital investido com alguma outra taxa de retorno acessível – conhecida como Custo de Oportunidade. Imagina que você tenha R$100 mil para investir. Você tem a opção de investir num título do tesouro que rende 10% a.a. ou numa fábrica de camisas que irá render 15% a.a. Ora, o risco de investir nos títulos é menor que o da fábrica, mas como o retorno desta é maior, você pode decidir por ela mesmo assim.

Mas digamos que os juros pagos pelos títulos saltem para 20% a.a. Seria racional investir numa fábrica que tem risco maior e retorno esperado menor? Claro que não. Mais risco e retorno menor é uma combinação que torna o investimento pouco racional. Logo, quando os juros aumentam, o custo de oportunidade aumenta e torna-se menos atrativo investir em serviço/produção não financeiros.

Como os juros afetam os ativos

Acho que a melhor maneira de entender a relação entre os juros e os ativos financeiros é através dos títulos pré fixados. Como o nome já diz, títulos pré fixados são aqueles cujo o rendimento já é conhecido no momento da contratação dele.

Se comprarmos uma LTN, que é um título do tesouro pré fixado, a uma taxa de 12% ao ano, teremos este rendimento garantido na data de vencimento do mesmo. Sem surpresas.

No entanto, se eu quiser me desfazer deste título antes do vencimento, receberei o valor de mercado dele no dia da liquidação. Este valor pode ser maior ou menor do que o que paguei por ele. A perda pode ser grande. Tudo vai depender da taxa de juros de mercado no momento da venda.

A relação é a seguinte: quanto maior tiver o juros, menor será o preço do meu título.

Opa, Riko, isto está certo mesmo?? Juros maiores e o preço do título menor? Sim. Voltemos ao Custo de Oportunidade. Sabemos que além de títulos pré-fixados, há também disponível no mercado títulos pós fixados, cujos juros variam acompanhando a taxa de mercado. Quando os juros sobem, os títulos pós-fixados acompanham esta alta enquanto meu título pré-fixado continuar rendendo os mesmos 12%.

Ora, se você tem a opção de contratar um título que paga 15% a.a. por que você compraria um que rende 12%? Não compraria né? A menos que ele também pagasse os mesmos 15%.

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Com base na tabela bem simples acima, podemos observar o valor do meu título pré fixado nos 2 momentos – com as taxas de juros de 12% e 15% ao ano. Observe na tabela que, embora digamos que a taxa de juros é pré-fixada em percentual, na verdade ela o é em termos absolutos. Se eu pago R$100 num título que me retornará R$12 ao ano, digo que ele paga uma taxa de 12%.

Mas se a taxa de mercado subir para 15% ao ano, como meu título continuará pagando os mesmos R$12 ao ano, alguém só toparia comprá-lo se fosse por R$80 e não mais por R$100. A R$80, os R$12 serão 15% de retorno, ou seja, a taxa de mercado.

Num título pré-fixado, o rendimento é fixo e conhecido no momento da compra mas o valor de mercado do título ao longo do tempo varia de acordo com a taxa de juros. Quanto maior a taxa de juros, menor o preço do meu título para se adequar a essa nova taxa.

Se eu não precisar vender antes não passarei por isto já que receberei o que paguei por ele corrigido pelos juros combinados no momento da compra.

Por isso diz-se que os títulos pré-fixados tem risco maior que os pós-fixados – que pagam sempre juros de mercado e por isso não sofrem tanto impacto em seus preços de mercado.

Embora o mundo real seja um pouco mais complexo que o exemplo que dei, o que vale aqui é a lógica geral. Esta lógica é a mesma que afeta todos os investimentos em relação a taxa de juros, seja uma empresa própria, um imóvel, ações etc.

Na próxima vez, vou entrar em mais detalhes do caso específico da relação valor dos imóveis x taxa de juros.

A todos, um grande abraço!

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