Qualquer planejamento é melhor que nenhum planejamento. Isso é verdade. A simples iniciativa de tentar controlar suas receitas e despesas já é um bom sinal. Mas não basta. Disciplina para seguir o que planejou é essencial.
Mesmo assim, apesar da vontade, algumas pessoas acabam desistindo depois de um tempo por se enrolarem.
Ter um bom instrumento pode ser o que falta. Como o tema é novo, existem diversas metodologias diferentes e aos poucos, acredito que algumas boas vão ficando.
Um consenso é que o papel e caneta, embora ainda válidos para quem não se dá bem com o computador, não é o melhor recurso. O uso do excel para o planejamento hoje é quase unanimidade. Eu recomendo fortemente.
Mas qual planilha em excel usar? Eis a questão. Na internet tem um monte que qualquer um pode baixar grátis. Cada uma tem uma particularidade e se aplica mais a determinados estilos. Para mim a melhor planilha é a minha… ora, se achasse ruim eu mudaria… reuni nela tudo o que acredito ser importante num planejamento financeiro. Algumas ideias foram inspiradas em outras, algumas outras eu criei pq sentia que faltava em outras planilhas por aí.
Aqui eu listei os principais erros que encontrei nas planilhas financeiras mais populares. Lá vai:
1 – Não fazer um Orçamento
Isto é básico! Qualquer planilha deve ter uma coluna para o orçamento. Esse é o primeiro passo. Definir sua estratégia e o rumo que deseja seguir. Ao meu ver, um excel sem orçamento é como um barco que parte de um porto sem saber qual o destino. Sem orçamento, não se deve chamar de Planejamento Financeiro. Orçar é planejar. Se não, vira apenas constatação financeira, mto passivo. Quanto gastou de gasolina esse mês? R$300. Ruim ou bom? Não sei… não tinha planejado nada!
O orçamento é uma das partes mais importantes, é fundamental! Ele vai te orientar o que fazer no inicio do mês e no final balizar se o realizado foi bom ou ruim. Isso é possível porque vc tem um parâmetro.
Embora seja básico, muitas planilhas financeiras não tem espaço para isto. A planilha da Bovespa, uma das mais populares, por exemplo, não tem!
2 – Anotar todos os gastos
Muitos planejadores indicam isso. Pode até ser importante em casos específicos, como para pessoas com descontrole mto alto. Mas só por um tempo… é quase impossível – além de chato pra caramba – ter que ficar anotando todos os gastos por menores que sejam: cafezinho, jornal, salgado na rua… uma hora a pessoa esquece, se enrola e acaba desistindo de atualizar a planilha.
O recomendável é que no seu orçamento haja um espaço fixo para estas despesas do dia a dia. Chamo isso de mesada. É um valor fixo que saco toda semana que serve exatamente para eu gastar com “eu não sei o que”. Pode ser qualquer coisa, enfim… mas é fixo. Sei quanto é mas não preciso anotar cada gasto, entra tudo na linha de mesada.
3 – Listar categoria “gastos variáveis”
A maior parte das planilhas dividem suas despesas em fixas e variáveis e quase todo planejador financeiro te indica cortar gastos variáveis. Um exagero… Gastos variáveis para eles podem ser cinema, teatro, restaurantes, viagens… anota-se tudo ali.
Enfim, aliando esse excesso de variáveis com a falta de orçamento, ótimo! Vc está completamente perdido! Qto vou gastar esse mês? Sei lá, os gastos são todos variáveis!
Quanto mais gastos fixos, melhor a previsibilidade. O exemplo que dei acima é bom neste aspecto. Se sua “mesada” semanal (semanada) foi de R$100, vc tem R$100 para gastar naquela semana, se tiver R$200 é R$200… E por aí vai. Se economizar numa semana, acumula para a outra. Assim, vc transforma gastos variáveis como cinema, restaurantes etc num gasto fixo. Então você sabe exatamente o quanto pode gastar e quando vc gastou demais e deve parar.
Não divido meus gastos entre fixos e variáveis mas entre gastos correntes, que ocorrem todo mês e gastos esporádicos, que ocorrem de outra forma que não mensal.
4 – Juntar gastos esporádicos e correntes na mesma planilha
Imagina você que juntou dinheiro o ano inteiro para viajar nas férias. Ao checar sua planilha no mês de férias: um rombo!
O mesmo ao trocar de carro, fazer um curso, comprar roupas ou eletrônicos ou pagar o iptu, o ipva ou o seguro do carro e etc… todos gastos esporádicos.
Nem sempre a receita e os gastos caminham juntos. Por exemplo, ganho meu 13o em dezembro mas o seguro do meu carro pago em outubro e geralmente tiro férias em agosto. Como ficam estes meses numa planilha?
É importante separar o joio do trigo. Gastos esporádicos devem tratados de forma diferente das despesas correntes do dia a dia.
Por isso, na minha planilha eu tenho um espaço para o que chamo de “provisões”. Nada mais é que um espaço para eu indicar o quanto devo poupar para cada objetivo no curto prazo.
Se planejo fazer uma viagem de R$6 mil no ano, provisiono R$500 por mês que ao longo de 12 meses terei todo o dinheiro da viagem. O mesmo em relação aos outros gastos. Este dinheiro provisionado vai para uma conta poupança ou CDB onde fica separado rendendo juros para um objetivo específico.
O que foi guardado a cada mês se junta em uma planilha separada ao saldo anterior e mostra o quanto tenho guardado para cada objetivo específico.
Desta forma, no mês que eu estiver trocando de carro, o montante pago não vai pra mesma planilha que os gastos correntes poluindo qualquer análise e dando a falsa impressão de que o mês foi péssimo só porque gastei mais do que ganhei naquele momento.
5 – Não separar investimentos por objetivos
A maioria absoluta dos brasileiros não poupa nada. Do restante que poupa, a maior parte não sabe ao certo para que está poupando. Aí abre umas linhas na planilha com os nomes dos produtos que irá investir: Bolsa, Poupança, Fundo Imobiliário, enfim… Depois, vai fazer uma viagem e usa o dinheiro que estava sendo guardado para aposentadoria.
É verdade que dos erros, este é o menor… mas, o ideal é separar o investimento de acordo com o objetivo dele. Para que você está investindo? Para um objetivo no curto prazo como viajar ou trocar de carro (como comentado acima), para construir uma reserva de segurança, para a aposentadoria ou simplesmente para gerar mais renda no futuro?
Uma vez definido o objetivo do objetivo, aí sim você deve escolher o produto financeiro mais adequado. Não o contrário. Antes objetivo, depois produto financeiro, lembre-se!
Produtos financeiros são bons ou ruins dependendo do que se pretende fazer com o dinheiro investido. Vencimento, liquidez, risco, retorno… enfim, cada produto é mais indicado para um objetivo específico.
Desta maneira, além de escolher o produto financeiro mais adequado, você se protege de si próprio, mantendo seus objetivos intactos, podendo analisar o quanto tem de Reserva de Segurança ou o quanto deve economizar por mês para manter o padrão de vida durante a aposentadoria.
Neste link, você pode baixar o arquivo em Excel de Planejamento Financeiro para 2014. Serve para 2015, 16… enfim… Use ele para o seu planejamento pessoal ou ao menos para tirar algumas ideias para melhorar a planilha que vc já usa.
Qualquer coisa, me manda um comentário por aqui, pelo twitter (@henriquecer_ ) ou um email para blog.henriquecer@gmail.com.
Mto sucesso!!!