
Sim, muito provavelmente um dia. A tendência de longo prazo do dólar geralmente é de alta em relação ao real. Como a taxa de juros (e também o risco) no Brasil normalmente é maior, a taxa futura do dólar é sempre maior que a cotação atual.
Mas “futuro” é muito vago… o que todos querem saber é se é possível que o dólar atinja R$5,00 no curto prazo. A resposta mais objetiva é: claro! Ora, se subiu de R$2 para R$4 em tão pouco tempo, um aumento de 100%, por que não aumentaria mais 25%? A moeda está volátil e acho que poucos duvidam hoje que possa chegar a R$5.
O Brasil está passando por uma fase complicada internamente, não temos Governo e nem rumo. Em 2015, tudo o que de ruim era previsto para acontecer, aconteceu pior. O tal “ajuste fiscal” não ocorreu e as contas públicas hoje são como uma bomba relógio. Se nada for feito, a coisa já tende a piorar por si só…
Além disso, o tal ciclo de baixa das Commodities internacionais afetou a todos os países emergentes (para entender melhor clique aqui). O preço dos produtos que exportamos caiu. Em economês, chamamos isto de “deterioração dos termos de troca”, mas no fundo é como se tudo o que tivéssemos de valor em nossa posse para vender, valesse hoje muito menos. Isto contribui para o real valer menos.
A inflação em alta é outro motivo que pressiona o real para baixo. O valor de uma moeda está em o quanto de produtos e serviços podemos trocar com ela. A inflação é, portanto, a perda de valor de uma moeda. E a nossa está muito alta enquanto a do resto do mundo, baixa demais. O real perde valor mais rápido do que as demais moedas internacionais mais importantes, como o dólar.
Apesar de tudo isso, todas estas incertezas e pressões negativas, pode haver um limite para a desvalorização ou até, quem sabe, espaço para o real se valorizar. Em outubro de 2015, no artigo Qual o valor justo do dólar – em que desconto o real e o dólar pelas respectivas perdas de poder de compra através do tempo (inflação) – cheguei ao valor justo de R$ 3,14.
Além disso, o Balanço de Pagamentos brasileiro vem apresentando uma melhora rápida. Como a economia brasileira vai mal (baixo consumo) e com o real depreciado (baixo custo de produção), estamos importando menos e exportando mais. Menos brasileiros estão viajando para fora (porque está mais caro) e mais estrangeiros vindo para cá (porque está mais barato). Entre outros motivos, isto tudo tende a fortalecer o real. Ainda é válido lembrar que o Brasil possui sólida posição de reservas internacionais.
Tudo isto me diz que a tendência intrínseca do real seria de se valorizar frente ao dólar. Mas não é olhando para trás que se precifica um ativo. São as expectativas que hoje mexem com as cotações do dólar.
Então, apesar de todo o cenário sugerir que o dólar poderia ficar mais barato, o que definirá de fato sua cotação serão as notícias do curto prazo. O Fed vai voltar a subir juros? O que vai acontecer com o preço do petróleo? A que taxa a China vai continuar crescendo? Qual será a inflação no Brasil? O governo Dilma será capaz de arrumar ao menos parte dos problemas que criou?
São muitas perguntas e as respostas, se Deus quiser, viveremos para ver. Tudo é possível.
Até a próxima!