HC0.7

“Diz que está sem dinheiro, mas vive viajando.”

“Diz que está sem dinheiro, mas só almoça e janta fora.”

“Diz que está sem dinheiro, mas está sempre de carro novo.”

“Diz que está sem dinheiro, mas mora no Leblon.”

“Diz que está sem dinheiro, mas só usa roupa de marca.”

Você já deve ter ouvido algum comentário parecido com estes… talvez você mesmo já tenha sido o autor de alguns… o fato é que ao nosso ver qualquer pessoa em determinada situação pode parecer não estar sendo verdadeira ao dizer que está sem dinheiro quando para ela própria, ela está apenas falando a verdade.

O que justifica este comportamento são os diferentes padrões de consumo. Cada um de nós tem uma personalidade como consumidor que é única. Uns gostam mais de viajar, outros de comer fora, uns ligam mais para carros, outros de ter uma casa grande com piscina, outros ligam mais para a localização, o bairro onde vai morar… enfim, são muitas as diferenças.

Então, quando alguém diz que, por exemplo, gostaria de ir naquele restaurante caro mas não tem dinheiro, isto, provavelmente é, ao mesmo tempo, uma verdade e uma mentira. É verdade no ponto em que ela realmente pode ter vontade de ir e se tivesse mais dinheiro, iria. A parte “mentirosa” da história é que não é que ela não tenha o dinheiro para ir. Dinheiro ela pode até ter. A questão é que provavelmente não é prioridade para ela… antes de ir comer naquele restaurante ela planeja fazer muitas outras coisas com este dinheiro.

A isto em economia damos o nome pomposo de “função utilidade”. Utilidade é uma medida de satisfação de um indivíduo. A utilidade de adquirir um carro ou fazer uma viagem é o quanto de satisfação eu tenho em cada um dos casos.

Como cada um apresenta satisfações diferentes aos elementos, isto torna possível ocorrer a troca. E mais. Desta troca, todos saem melhores do que estavam antes!! Uma troca eficiente! Isto é o básico de economia, a ciência da troca.

Se você gosta mais de uma viagem e possui um carro e alguém mais possua uma viagem e queira um carro, por que não trocar um pelo outro? No final todos sairão melhores do que entraram. Quanto mais intensas e possíveis forem as trocas numa sociedade, maior é a alocação de recursos e portanto, melhor é a satisfação geral.

E não pense que trata-se apenas de consumo não. O tempo também é um item importantíssimo considerado nesta equação e possui sua “utilidade”. Um caso típico é o estudo da forma como um indivíduo decide dividir o seu tempo disponível entre trabalho e lazer. Isto varia de pessoa para pessoa.

Ou seja, nem todo mundo irá encontrar a satisfação numa vida profissional bem sucedida. Alguém pode achar que passar a vida vendendo coco na praia seja uma chatice pura, uma vida sem propósito. Outros podem achar isso de alguém que vive trancado num escritório. E por aí vai… disto, temos as diferentes profissões e também as diferentes remunerações. Se mais gente estaria disposta a trabalhar na praia do que no escritório, é natural que a recompensa por se trabalhar num escritório seja maior do que trabalhar na praia para que alguém tope isso.

Mas mesmo que você prefira restaurantes a roupas, por exemplo, em algum momento você terá que deixar de comer fora para renovar alguma peça no guarda-roupa. Isto porque mesmo as nossas preferências são mutáveis.

A nossa função utilidade muda conforme nossa posse muda. Se você trabalha muito, provavelmente dará mais valor ao tempo livre. Se trabalha pouco, dará mais valor ao dinheiro… e por aí vai. Claro, imagina, mesmo que eu fosse louco por carros, e preferisse carros a uma boa viagem… eu provavelmente não compraria um 10º carro antes de fazer uma viagem (a menos que eu realmente não goste mesmo de viajar). Nossa utilidade é decrescente, ou seja, quanto mais você possui aquele item, menos valor (utilidade) tende a representar a você uma unidade adicional dele.

E você? Qual a sua função utilidade? Como é seu perfil de consumo? O autoconhecimento é importante para tomarmos as melhores decisões para nós mesmos. E também – por que não? – para entendermos melhor as diferentes decisões que os outros tomam.

Isto pode nos ajudar a não tentar privar os outros de maximizarem a satisfação deles apenas porque você não entende ou não está de acordo.

A todos, um grande abraço!

Até a próxima!

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