No artigo “O salário mínimo deveria ser de R$ 3,8 mil no Brasil. Mas…”, publicado no início deste ano expliquei como se dá o valor dos salários.
Apenas para recapitular de forma resumida, o valor do salário de um trabalhador é dado basicamente pelas forças de mercado: oferta e demanda. Quanto mais desempregados no mercado, ou seja, maior oferta de mão de obra, menor é o salário. Claro, se você está desempregado, aceita trabalhar por um salário menor. Se houver muitos, passa a ser competição.
Por outro lado, quanto mais emprego houver, maior é a demanda por mão de obra e maior é o salário. Se o empregador precisa preencher a vaga e encontra dificuldades em encontrar profissionais disponíveis, ele aceitará pagar um salário maior.
Logo, a primeira conclusão que se chega é que: quanto mais trabalhadores, menor o salário.
Na mesma linha, a segunda conclusão é: Quanto mais emprego, maior o salário.
Guarde bem estas duas conclusões.
No Brasil, defender o interesse dos empresários é quase sinônimo de xingamento, um absurdo! Se um político aparece defendendo algum setor empresarial, isto pode lhe causar perda de votos. Este (e outros) é um pensamento arcaico e atrasado que coloca de dois lados distintos Empregado e Empregador.
Deve ser duro para um empresário dar emprego a uma pessoa que acha que está sendo prejudicada ao invés de entende-lo como uma oportunidade. Mais duro ainda certamente é SER este empregado que entende estar sendo roubado com o seu trabalho.
Num país cujas leis trabalhistas são inflexíveis, o trabalhador médio tem pouca escolaridade e é pouco produtivo, as taxas de juros são altas, o mercado é imprevisível assim como a política, o rito fiscal é de uma complexidade incrível… apenas poucas empresas sobrevivem. O ambiente é inóspito!
Os que sobrevivem no entanto tendem a ter sucesso dado que poucos concorrentes em potencial são capazes de sobreviver ao mesmo caminho. O retorno é proporcional a esta dificuldade. É como a corrida dos espermatozoides.
Reflita comigo: quantas pessoas que você conhece não gostariam de ser empresários? Quantas não tem vontade de ter um negócio próprio? Talvez até mesmo o próprio leitor… Mas… “no Brasil é muito difícil”. Tem razão.
Em qualquer lugar do mundo, existe uma diferença social entre os empresários e os trabalhadores. Claro, o empresário é um empreendedor, ele assume o risco, empenha seu dinheiro e seu esforço num projeto que Deus sabe se dará certo. Ele caminha ao incerto sem garantia alguma de retorno.
Mas no Brasil o lucro é pecado, uma ofensa. O cara que faz da vida gerar empregos, gerar riqueza, pagar uma alta carga tributária que banca a saúde e educação pública… este cara é o inimigo do trabalhador, do cidadão de bem, honesto. É difícil.
A questão é que se fosse mais fácil empreender no Brasil, e fosse, no mínimo uma vontade nacional, um orgulho, um estímulo… poderíamos ter mais empreendedores no país. Mais empreendedores gerariam mais empregos. Cada empresário a mais no país, não só cria novos empregos, ele próprio ao ser empresário deixa de ser trabalhador, e portanto, deixa de ocupar uma vaga. Ou seja, temos menos trabalhadores a disposição e mais vagas. O que ocorre com os salários? Sobem. Este é o caminho do aumento dos salários e redução da desigualdade social que deve ser percorrido.
A taxa de lucro por outro lado tende a cair, pois mais empresários no mercado aumentam a competição e a diferença na remuneração entre empresário e empregado se reduz, acompanhando a redução do risco do empreendedor.
Existem exceções a este movimento que são indústrias de nicho que praticamente ocupam todas vagas de um determinado setor e que é inacessível ao empresariado de pequeno e médio porte. Nestes casos, é necessário um sindicato. Mas no Brasil, esta exceção parece ser a regra. Uma loucura total…
A facilitação da vida do empreendedor é um ponto positivo para toda a sociedade e principalmente para o trabalhador. É preciso entender a dinâmica do mercado.
No fim, é sempre bom entender que a vida pode ser um jogo de soma… onde os ganhos são sempre mútuos ao invés de enxergá-la como um jogo de soma zero onde um luta contra o outro.
Já passou da hora. Vamos lutar todos juntos?
Até a próxima!