Um hóspede entra num hotel familiar e, na recepção, pede um quarto… recebe a chave, saca uma nota de R$ 100,00 e põe no balcão.
Enquanto o hóspede sobe para o seu quarto, o gerente do hotel sai com a nota de R$ 100,00 e vai até o açougue pagar sua dívida com o açougueiro.
O açougueiro pega a mesma nota e vai até um criador de suínos a quem deve e paga tudo. O criador, por sua vez, pega também a nota e corre ao veterinário para liquidar sua dívida.
O veterinário, com a nota de R$ 100,00 em mãos, vai à zona pagar à uma prostituta que ele devia.
A prostituta sai com o dinheiro em direção ao hotel, lugar onde as vezes levava seus melhores clientes e que ultimamente devia acomodação. Paga ao gerente do hotel os mesmos R$ 100,00.
Nesse momento, o hóspede chega novamente ao balcão, diz que o quarto não lhe agradou… pede sua nota de R$ 100,00 de volta, agradece, e sai do hotel.
A nota de R$ 100 do hóspede, em poucas horas em posse do gerente do hotel, foi capaz de pagar todas as dívidas de todos os envolvidos e ainda retornar ao seu dono original como se nada tivesse ocorrido.
Isto é economia. Ela é de fato incrível, embora muitas vezes pareça mais complexa do que é, o que faz com que as pessoas muitas vezes fantasiem coisas…
Mas não há fantasia alguma. Na história do hotel não há mágica… bastasse aos envolvidos saberem quem devia a quem, que simplesmente um perdoaria automaticamente a dívida do outro em troca do perdão da sua própria, sem que houvesse nem a necessidade de uma nota de R$ 100 estar rodando.
É como se você devesse R$ 50 a seu amigo e ele te devesse também R$ 50. Não há necessidade de envolver nota alguma, o perdão mútuo basta.
Acontece que quanto mais pessoas envolvidas, mais complexo fica, embora a lógica permaneça sempre a mesma. Isto faz com que o uso do papel-moeda seja mais prático.
Simples assim.
Simples como saber que deixar o seu amigo pagar toda a conta no bar e você dar a sua parte a ele, ao invés de dividirem a conta diretamente no bar, dá no mesmo. E por aí vai… Isso é fácil entender.
O difícil para muitos entenderem é que pagar a mensalidade de uma escola ou pagar imposto ao Estado para que ele arque com os custos desta escola também dá no mesmo. Que o dinheiro público não é inventado, não é infinito… e o mais importante, não é de graça.
O que confunde é a ilusão de achar que, por exemplo, um décimo terceiro salário pode ser um bônus ao empregado quando na verdade é apenas uma parte de seu salário que obrigatoriamente você só pode receber em duas parcelas. Se pudesse ser parcelado em 12 vezes, seria mais evidente o que ele realmente é.
O sistema salarial, diga-se de passagem, é confuso. O que conta para o empregador é o custo total do trabalhador, o que inclui todos os encargos. O que conta para o empregado é o que ele recebe de fato, ou seja, o salário líquido. Mas no que eles entram em acordo é um salário bruto que não representa nem um nem outro.
Seria indiferente pagar ao funcionário R$ 1.000 por 13 meses ou 12 x de 1.083,33, dar férias remuneradas ou pagar o salário do mês de férias parcelado nos outros 11 meses em que ele de fato trabalha e dá um retorno financeiro à empresa, pagar 8% ao FGTS ou pagá-lo diretamente ao seu empregado.

Nos EUA, os preços dos produtos ofertados nas prateleiras não são os preços efetivamente pagos pelo consumidor. Há um imposto adicionado depois na conta. No Brasil, o preço já vem com o imposto incluso. O que muda? De fato, só a forma como se mostra.
Existem inúmeros exemplos.
Apesar de todas estas coisas, de fato, serem equivalentes, o problema de não aliar com transparência os benefícios a seus custos é que se cria uma ilusão… Muitos cidadãos comuns se perdem e fica fácil acreditar que custos que não são arcados diretamente por eles, na verdade não existem.
Faz-se acreditar, erroneamente, que 13º, férias remuneradas com adicional, FGTS etc são bônus e não parte de seus direitos, que serviços públicos não tem custos…
Ao se receber salário maior nas férias do que nos meses em que se trabalha, tem-se a impressão de que o que recebemos no fim do mês não tem uma ligação tão direta com o que produzimos.
A armadilha de quando o custo se desassocia do beneficio é que a pessoa se perde. O fácil acaba se complicando, como no exemplo do hotel.
Nunca houve almoço grátis. Muito antes do capitalismo sequer pensar em existir, para um almoço chegar a uma mesa sempre foi necessário que alguém houvesse plantado, cultivado, colhido, pescado, caçado e finalmente o preparado.
Este é um fato válido até hoje… por mais que muitos se beneficiem ao conseguir te convencer do contrário.
Até a próxima!