Não, o seu décimo terceiro não é um salario adicional, assim como não existe no mundo real “férias remuneradas”.
Tudo o que existe é a renda que você gera durante os dias em que produz. Uma parte, volta ao trabalhador em forma de salário. Como os meses possuem quantidades de dias úteis diferentes, a melhor maneira de pensar nessa remuneração é de forma anual.
O salário que você recebe no fim do mês é simplesmente um parcelamento do seu salário anual. No Brasil, parcela-se em 13 vezes. Poderia ser em 12, como na maior parte dos países no mundo. Faria pouca diferença. A imposição do 13º salário no Brasil é fruto de uma atitude populista de Getúlio que quis acrescentar um 13° salário salário fazendo os trabalhadores acreditarem que estavam recebendo algo a mais quando na verdade não estavam. 60 mil reais anuais são 60 mil anuais independente de serem pagos em 12 ou 13 parcelas. Se amanhã ou depois ficar decidido que receberemos 24 salários por ano, vc acha mesmo que a cada 15 dias receberíamos o que recebemos hj num mês? Claro que não, né? Receberíamos a metade do que hj recebemos no mês em cada quinzena. O resultado final não muda.
Nos EUA não existe o 13° salário e nem férias remuneradas. Mas isso tbm não existe no Brasil, na Europa e nem onde for. Porque simplesmente só existe remuneração quando há produção. O que varia é apenas a forma como esta remuneração será paga. Não tem nada disso de “pró trabalhador” ou “pró business”.
No caso das “férias remuneradas”, a lógica é a mesma. Você pode receber os mesmos 60 mil reais do exemplo anterior divididos pelos 11 meses em que trabalhou ou divididos em 12 vezes, sendo que uma dessas parcelas será paga no mês em que o trabalhador está de férias.

Não me entenda mal, não se trata de uma crítica a esta forma de remuneração. Pelo contrário até, acho bem prático e inteligente. Ora, se uma empresa normalmente tem receitas mensais e o trabalhador, despesas mensais, por que não parcelar o salário anual por todos os meses do ano, inclusive nos meses em que ele está de férias? E por que não incluir um 13º que pode ser sacado metade durante as férias e outra metade no fim do ano, quando as nossas maiores despesas com festas, impostos e gastos com novo ano escolar etc ocorrem? Por que não?
Perde-se, em parte, flexibilidade de negociação entre o empregado e o empregador, alguém poderia me dizer. Sim, é verdade. Mas por outro lado ganha-se em praticidade. Se as regras trabalhistas são simples, práticas e conhecidas por todos os agentes (não é bem o caso no Brasil, mas enfim…) a relação se torna mais objetiva. Não há letras miúdas em contratos trabalhistas. É uma relação justa e honesta para ambos os lados.
Tudo pronto para dar certo. Exceto pelo fato dos trabalhadores não entenderem isso desta forma. Diga a alguém da esquerda que irá mexer no 13º salário ou nas “férias remuneradas” e o cara diz que estão mexendo em direitos conquistados, que o trabalhador será prejudicado… blá blá blá.
Mas não só. A esquerda é barulhenta, mas este artigo é mais até para esta nova direita que surge no Brasil, que se vê como menos “ingênua” ou “sonhadora”, mas que está seguindo muito bem este mesmo caminho de dogmas e populismo. Então não, parem com isso. O 13º salário e as “férias remuneradas” também não oneram os empresários!
Ora, a recíproca é verdadeira.
Eu entendo que este parcelamento mensal do nosso salário anual acaba criando este efeito ilusório de que férias e 13º são ônus aos empresários ou conquistas dos trabalhadores quando na verdade não é nem um nem outro.
Ele é prático sim, mas infelizmente acaba por dar a impressão errônea de que é possível gerar renda sem produzir. Ninguém recebe salário nas férias porque durante as férias nenhuma riqueza está sendo produzida e ninguém recebe um 13º salário porque não existem 13 meses no ano. Não há mágica!
Para quem é do mundo financeiro, o conceito é mais intuitivo. Contabilmente, por exemplo, salários, incluindo aí todo e qualquer beneficio, são divididos pelos 11 meses em que trabalhamos. São os meses que criamos valor e que temos o nosso custo por fazê-lo, mesmo que o pagamento seja de forma diferente.
Pode-se tentar de tudo, mas não se ludibria algo com bases tão fortes e sólidas como a economia.
A todos, um grande abraço!