A ideia era simples: eu precisava divulgar meu livro novo.
Ao contrário do que muitos pensam, escrever um livro custa caro. Se você for computar o custo de oportunidade de todas as horas que você passa escrevendo, refletindo, pesquisando, revisando etc., é papo de muitos milhares de reais.
Depois ainda por cima vem a divulgação! Cacetada, é pica. Sem brincadeira, você precisa vender milhares de cópias para o negócio ser realmente vantajoso.
Não é fácil.
Uma maneira que muitos escritores fazem para vender é comprando tráfego pro seu blog a fim de atrair possíveis consumidores do livro em questão.
Eu já tentei isso.
Não da certo.
Cara, tráfego custa cada vez mais caro. Pensa que a cada ano que passa cai a ficha de mais empresas de que Instagram, Twitter e Facebook não são apenas um playground de adolescentes e sim shopping centers em potencial.
É um ótimo lugar para atrair consumidores. Isso faz naturalmente com que um espaço publicitário numa rede social hoje custe muito mais caro do que antes… para um produto com valor agregado relativamente baixo, isto geralmente significa que não vale a pena.
Bem, eu continuava a fim de vender meu livro, mas tinha que ser mais inteligente.
Eu continuava precisando de tráfego. Mas não podia ser pago.
Como, então?
Uma maneira evidente é publicar o artigos no maior numero possível de grupos por ai. Mas aí tem um problema, a partir de um determinado numero de publicações, o Facebook entende como spam (corretamente, claro) e te bloqueia. Então, tem que ser assertivo.
Aprendi isso lendo os artigos de jornais postados nas redes sociais. Os próprios jornais fazem de propósito, criando títulos polêmicos porque sabem que grande parte das pessoas vai comentar o titulo sem nem ler a matéria.
Quem é blogueiro também sabe disso.
Um dos primeiros artigos que escrevi que viralisou era sobre o Bolsa Família, onde eu explicava como funcionava o programa etc. Só que a foto de capa era uma imagem fake que rodava a internet com ganhos de R$ 2 mil no mês para o bolsista.
No artigo eu desmentia a foto, mas como muitos nem sequer abrem o link, o resultado foi um artigo viralizado com muita gente o compartilhando com comentários como “Isso é uma vergonha” e coisas assim.
Então, bolei uma estratégia simples para divulgar meu livro, publicar um artigo com um título desse tipo em grupos de alunos de Economia começando pela minha bem conhecida UFRJ.
Cara, o Instituto de Economia da UFRJ, para quem não conhece, é o seguinte: pensa num lugar extremamente heterogêneo ! Você reúne na mesma sala uma galera focada em trabalhar em bancos de investimento, em empreender, virar CFO de multinacional e uma galera barulhenta que passa o tempo livre fazendo passeata contra agrotóxicos, na defesa do mico leão dourado, lutando pela construção do bandejão etc…
Bem, nada contra os temas ecológicos, sinceramente sou totalmente pro economia sustentável… não é isso.
Você percebeu onde eu quero chegar, né? É que essa 2a galera é comuna brabo!
E o que eles estão fazendo na faculdade de economia?
Cara, Adam Smith era economista. Só que Karl Marx também!
Esses caras são os mais engajados!
No início da faculdade a maior parte ainda tem cara de neném, mas dali a uns 5 anos, pode anotar: a maior parte dos comunas vai engordar, deixar a barba crescer e trocar a foto do perfil do face por uma com um violão no colo.
O meu artigo tem que chamar atenção dos motivados, dos aspirantes a CEO…
Afinal, alguém já viu comuna lendo livro sobre Finanças Pessoais?
Eu nunca.
E ele nem nunca vai ler porque cuidar das suas próprias finanças significa assumir a responsabilidade e definir os rumos da sua vida. E o futuro barbudão acredita que a vida dele é mero fruto das decisões do Governo, que são os empresários, banqueiros, os EUA etc. os responsáveis por seu sucesso ou fracasso financeiro… ele não precisa ler mais nada.
Aliás, ele acredita que já sabe de tudo!
Então, ele vai ler poesia…
O meu artigo era composto de 3 partes. O título para quem não lembra ou não leu era: Como eu pedi demissão, mudei de pais e escrevi o melhor livro de Finanças Pessoais do Mundo.
Era o artigo de lançamento do meu novo livro sobre Finanças Pessoais « E se você não morrer amanhã? ». A primeira parte era a história de como eu vim a pedir demissão no meu trabalho. A segunda é como decidi morar fora do país. Na última, falo das amarras culturais no Brasil e como elas atrapalham as Finanças Pessoais. Este é o mote do primeiro capitulo do livro (as barreiras culturais).
O que chamo atenção ali é para como vender é mal visto no Brasil, propagandear, promover, empreender etc.
O « melhor livro do mundo » é proposital para atrair a atenção para isso.
E cara, como deu certo !
Quem lê o artigo entende tudo isso, pois tá bem claro. Lá eu falo tão abertamente quanto aqui que se trata de Marketing, que eu tô ali para vender com a coragem e a cara de pau que desenvolvi ao sair do Brasil. O que é a mais pura verdade! E minha intenção é inspirar todos a fazerem o mesmo!
Mas quantos realmente leem os textos ? Os leitores do Henriquecer.com é claro! Mas nestes grupos do face, uma boa galera costuma ler apenas o título.
E aí está a grande sacada.
No meu livro, eu uso uma divisão de personalidades entre Sujeitos e Sujeitados. Grosso modo, os primeiros seriam os dispostos « a fazer » e os outros os dispostos apenas a regular e criticar os que fazem.
A galera dos poemas e violões não precisa ler artigos para comentar. O senso da censura do politicamente correto fala mais alto. Ele lê o titulo e vai logo comentar.
Como segurar essa sede que ele tem quando deparado com essa situação?
Vender? Ele odeia.
Empreender? Ele odeia.
Promover o que faz ? Ai, passou todos os limites.
Simplesmente com um título que chamasse a atenção dessa galera eu conseguiria promover gratuitamente meu artigo. Cada vez que alguém colocava uma crítica ao título no comentário, meu artigo voltava para o topo do grupo. Dentre eles, muitas pessoas realmente liam o artigo e se interessavam pelo conteúdo. As interações dos que não liam, permitiam o artigo aparecer para quem estava disposto a ler.
O tráfego disparou.
Mais uma lição em pratica: busque as brechas para as oportunidades.
É possível sim contratar um Comunista.
Basta ele não saber.
E esse artigo também vai ser criticado? Claro que vai!
Mas meu amigo, fica aqui a lição do Bill Cosby: o segredo para o sucesso eu não sei, mas o do fracasso é tentar agradar a todo mundo.
A todos um grande abraço!
Riko Assumpção
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Mais um excelente texto, Henrique!! Parabéns pelo blog e o livro!! Grande abraço!
Obrigado Cristiano pelo parceria 👍👍👍