Arrisco ser desligado da comunidade financeira com esta revelação, mas vale o risco: eu acho a caderneta de poupança um investimento sensacional. Simples, seguro e de liquidez equivalente a uma conta corrente.
Lembro de ter aconselhado em 2008, um casal de aposentados a investir lá. Infelizmente isto aconteceu numa sala de aula sobre Investimentos em ações com um professor horrível, que irresponsavelmente, em pleno julho daquele ano, afirmava que o Ibovespa fecharia o ano a 80 mil pontos.
Só para se ter uma ideia, o índice que já ia mal naquele mês, saiu de seus 60 mil pontos para menos de 30 mil, apenas 3 meses depois. Hoje, 3 de dezembro de 2013, 5 anos e meio depois, o índice está a 50 mil pontos, ainda bem abaixo dos 60 mil de jul/08.
Mas é fácil entender o casal de aposentados, os caras não se matricularam num cursinho sobre ações pra ouvir de um economista recém formado que achava que a poupança seria um bom investimento.
Naquela época, especialmente, economista algum recomendava a poupança. No ano passado, o discurso mudou, e muita gente passou a recomendar a boa e velha caderneta.
O que mudou?
A justificativa pode até ser surpreendente: a poupança passou a render menos do que rendia anteriormente.
Então, por que ela passou de patinho feio a cisne?
Até 2012, a Poupança rendia 0,5% ao mês + TR. Essa regra era um entrave para a queda da Selic, importante para o crescimento do crédito no país. Em maio de 2012, o Governo alterou a regra antiga da poupança criando uma Nova Poupança com uma regra diferente: se a Selic for reduzida a menos de 8,5% a.a., a Poupança nova passa a render 70% da Selic + TR. Caso a Selic esteja maior que 8,5% a.a, prevalece a regra antiga, que aliás, permanece também sobre todos os depósitos realizados antes de Maio/12.
O que torna a Poupança atrativa é o fato de os títulos do tesouro estarem rendendo menos. Se a Selic rende menos que 8,5% a.a., apesar da Poupança render menos, a diferença entre ela e uma LFT (Tesouro Selic) é menor, e, como é mais simples, passa a ser mais atraente. CDBs, Fundos de Renda Fixa, de Curto Prazo e etc, que cobram taxas de administração superiores a 1%, se tornam piores que a Poupança porque ela é isenta de Imposto de Renda e estes produtos não.
Mas quando a Selic sobe, a Poupança volta a regra antiga, rende até mais… mas fica pra trás quando comparada aos outros produtos.
Ou seja, quanto mais a poupança rende, pior ela é. Um descuidado poderá se alegrar por receber mais com ela, mas em finanças, o fundamental é pensar sempre sob a ótica do Custo de Oportunidade.
A todos um grande abraço, e bons investimentos!!
Riko Assumpção
– Artigo da série classicos, publicado originalmente em Dez/2013 –