Não se gerencia o que não se mede… e não há sucesso no que não se gerencia (William Edwards)
A frase acima é clássica para quem já estudou administração de empresas na vida. De fato, o hábito de medir e controlar foi fundamental para que as empresas familiares evoluíssem para se tornarem grandes corporações durante a Revolução Industrial.
As empresas o fazem por um motivo: evoluir. O primeiro passo é definir um objetivo, o segundo criar um planejamento de como alcançá-lo, o terceiro, controlar para ter certeza de que está no caminho certo… e caso não esteja, o quarto passo pode ser rever a estratégia.
Com Finanças Pessoais não é diferente. Cada um de nós pode trazer para si bons exemplos da gestão empresarial. O que dá certo para as empresas não tem motivo para não dar certo para os indivíduos.
Para ter o controle sobre suas finanças pessoais, sugiro utilizar os 3 principais demonstrativos financeiros que as empresas utilizam para controlar seus números. Eles são muitos simples e espero que eu consiga torná-los fácil de entender.
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DRE Pessoal
Em Finanças Corporativas, chamamos de DRE (Demonstração de Resultado do Exercício) o demonstrativo que mostra a performance de uma empresa em um determinado período. Nas Finanças Pessoais, este tende a ser – minha opinião – o controle mais importante que você irá ter sobre as suas contas. Primeiro porque você fará um Orçamento mensal de receitas, despesas e investimentos.
Apesar de assertivo, seu controle não deve ser muito exaustivo. Não faz sentido controlar compra de itens de baixo valor como cafezinho ou chicletes… ao invés disso, orce uma espécie de “mesada” ou “semanada” própria, um dinheiro fixo que você saca toda a semana para estas despesas menores.
Este controle pode ser separado em i)Receitas: líquidas de impostos; ii) Gastos Correntes: despesas que ocorrem todo o mês; iii) Provisão para Curto Prazo: dinheiro que é guardado todo o mês para despesas que ocorrem em uma recorrência menor que mensal; e iv) Investimentos para os diferentes objetivos de se resguardar para momentos de emergência, para completar a aposentadoria e para enriquecer.
Para mais informações sobre a “DRE”, acesse o artigo Planejamento Financeiro Pessoal no Excel .
2) Fluxo de Caixa
Enquanto a DRE tem um caráter mais estratégico, o Fluxo de Caixa mostra o que ocorre “no mundo real” em termos de dinheiro – cash mesmo.
No mundo corporativo o controle do caixa é fundamental já que muitas empresas acabam falindo mesmo sendo lucrativas porque suas operações não são bem administradas em termos de caixa.
No caso das Finanças Pessoais, como o controle é mais simples, as diferenças entre a DRE e a saída real de caixa são poucas: i) as provisões para o curto prazo e ii) os investimentos.
As provisões na DRE representam, como disse, o dinheiro que poupamos todos os meses para pagar um compromisso que teremos com certeza (ou temos uma boa probabilidade de ter) no futuro próximo. Por exemplo, para pagar o IPVA do seu carro, você pode poupar todos os meses 1/12 do valor que você acredita que será no próximo ano. O mesmo com o seguro.
As provisões servem para que você guarde dinheiro antes de usá-lo em gastos que não recorrentes como viagens, compra de roupas, investimento em educação e coisas assim. Em geral, para arcar com este tipo de despesa, o brasileiro acaba se endividando para pagar quando o melhor é juntar com antecedência para gastar depois.
Estas provisões te ajudam a enfrentar alguns “imprevistos” como precisar contratar um bombeiro para consertar encanamento na sua casa ou um mecânico para o carro. Quem tem casa ou carro sabe que isto acontece com alguma recorrência embora não possamos precisar quando. Por isto é importante já ter esses recursos guardados (provisionados) no seu orçamento.
Este dinheiro pode ser investido em algum produto com liquidez diária como CDBs deste tipo ou Fundos DI. Poupança também serve.
Então, na DRE nós mostramos o que são nossos (i) Gastos Correntes; e o que poupamos como (ii) Provisões para o Curto Prazo (estas que acabei de descrever acima) e (iii) Investimentos para o longo prazo (Reserva de Segurança, Aposentadoria Complementar e Patrimônio para enriquecimento).
Como apenas uma das contas é de fato uma saída de caixa – Gastos Correntes- o fluxo de caixa serve para mostrar os gastos efetivos do que foi provisionado (por exemplo, quando de fato você pagou o seu seguro do carro).
Abaixo segue uma tabela comparativa entre a DRE e o Fluxo de Caixa.
O Fluxo de Caixa (FC) pode ser bem simplificado – já que é uma análise complementar. A quebra dos detalhes estará na DRE. O FC é ainda uma boa oportunidade para medir a performance anual de Receita (entrada de recursos) e Despesas (saída de recursos).
Ao calcular o valor médio no período de um ano você elimina o efeitos sazonais como 13º no caso da receita e o pagamento do IPVA como no exemplo acima que ocorre uma vez ao ano.
3) Balanço Patrimonial
Para quem não é do ramo financeiro, o nome pode até assustar, mas é muito simples. O Balanço neste caso irá listar tudo o que você possui (ativos) para então descontar tudo o que você deve (passivo) para calcular o seu patrimônio. Falando assim é simples, não é?
O tamanho da sua riqueza não é nada além de tudo o que você tem menos tudo o que você deve.
Em O quão rico você é eu dou um pouco mais de detalhes sobre como montar o seu Balanço simplificado. A grande questão que coloco – e é por isso que é tão importante montar um balanço – é que a riqueza não vem de o quanto você ganha mas de o que você é capaz de construir com o que ganha.
Tem quem ganhe R$ 30 mil por mês mas gaste R$ 35 mil, gerando dívidas e consequentemente, um patrimônio negativo. Outros, ganhando R$ 2 mil conseguem investir e multiplicar. No fim, é justamente o patrimônio que irá mostrar de fato o quão rico você é.
Comecei o artigo dizendo que é importante ter o controle das suas contas. Esta é a única maneira de gerenciar bem a sua vida financeira. Tome a responsabilidade do seu sucesso para si.
No fim, depende de nós mesmos. Podemos traçar objetivos, planos para alcança-los e acompanhar cada passo em sua direção… ou podemos lamentar nunca ganhar na mega sena, nos esconder em justificativas de porquê alguns tem sucesso e tem sempre algo que nos falta.
Posso dizer com uma base bem lógica que sempre falta algo a alguém – mesmo aos que alcançam o sucesso. Muito provavelmente não é o que lhe falta que te atrapalha, pois é o que se tem que nos leva para a frente!
A todos, um grande abraço!!!