Liberalismo é um fim em si

Cuba Haiti

Claro que cada um vê as coisas do seu jeito. Para mim, por exemplo, o Liberalismo é muito mais um fim do que um meio.

A beleza de ser liberal é a liberdade em si. E de forma completa, diga-se de passagem, não apenas na area econômica ou social. Em ambas!

Eu vejo beleza em imaginar familias que decidam sobre como usar seus recursos, tomando com isso a liberdade e a responsabilidade sobre suas decisões.

Me incomoda ver uma corrente tentando defender o liberalismo apenas pelos seus resultados econômicos.

Por que me incomodaria?

Porque ao meu ver, isso mais o enfraquece do que o ajuda dado que, fora de contexto, não haverá prova empírica para provar que os resultados do liberalismo são sempre melhores.

O Milagre Econômico brasileiro dos anos 70 que o diga. Ele ocorreu com muita presença do Estado. Mais recentemente, na aceleração econômica dos anos Lula, idem.

A história de que a URSS se dissolveu, perdendo a Guerra Fria para o Capitalismo Liberal Ocidental esconde o fato de que existiu, em primeiro lugar, uma Guerra Fria em que a URSS foi uma das maiores potências do mundo por décadas.

Se voltarmos no tempo, a Russia dos anos 1910, pré-revolução socialista, em termos econômicos, era muito atrasada se comparada à Europa, os EUA ou o Japão. Foi o Estado Soviético que impulsionou a industrialização russa e tornou o país num dos grandes centros de poder mundial.

“Mas não se sustentaram” alguém vai dizer. Eh, as consequências do excesso de Estado nem sempre são as melhores. Mas as do excesso de Liberalismo não são muito diferentes. As maiores crises econômicas do mundo, inclusive, ocorreram neste ambiente ultra liberal: em 1929 e em 2008/09. Alias, corrijo, não ocorreram neste ambiente, mas acima de tudo por causa desse ambiente.

Isso não é coisa do passado. Nas ultimas décadas, a economia mundial tem se sustentado pelo alto crescimento ininterrupto de um país comunista: a China.

Poucos países no mundo hoje são socialistas ou comunistas. E se o mundo se divide entre capitalistas e socialistas, por que tentar comparar Cuba com os EUA e nunca com o, também capitalista, Haiti? Dado o histórico colonial, o clima, o tamanho dos 2 países, não parece uma comparação mais assertiva?

Os exemplos são numerosos e a discussão envolve diversos “porém”s, claro. Mas de ambos os lados!

E minha intenção não é defender a maior presença do Estado na economia, muito menos o socia-comunismo. Bem pelo contrário.

Eh que o fim nem sempre justifica os meios. Se assim o fosse, seria fácil acabar com a miséria do mundo: bastaria reunir num paredão todos os miseráveis.

(Esse não é o ponto pois a vontade de resolver esse problema envolve justamente melhorar a vida dessas pessoas.)

O que me incomoda em Cuba, na URSS, na China atual e no Brasil dos anos 70 é que todos eles eram ditaduras e a liberdade é, em si, um valor. Nem tudo pode ser feito pelo nome de avanços econômicos.

Se economicamente Cuba é bem superior ao Haiti em praticamente qualquer indicador. No Haiti se pode ter opinião própria, seja ela qual for, o que ja é uma grande vantagem.

A beleza da democracia é a liberdade que ela nos traz e a proteção de todos contra decisões de cunho unilateral. Mas isso tem um preço: nas democracias, a presença do Estado na economia é mais ineficaz do que em ditaduras. Eh preciso prestar contas com a sociedade.

Só na democracia existem manifestações de rua.

Só na democracia existem greves.

Só na democracia a imprensa pode fazer críticas ao Governo.

Na democracia, o Congresso pode bloqueiar decisões do Executivo e vice-versa.

Por isso que na Democracia, o que funciona melhor é a decentralização econômica. Como cada família merece respeito e liberdade social, ela deve também ter a liberdade econômica.

Então, penso que nem sempre o liberalismo vai trazer os melhores resultados econômicos, mas, como o próprio nome diz, ele trará sempre mais liberdade.

E mesmo que fosse só por isso, já valeria a pena.

A todos, um grande abraço!

Riko Assumpção

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