
Quando descobri que minha esposa estava grávida, não posso negar minha preferência por um menino.
Mais um mini parceirinho para eu e a Anninha nos jogos do Mengão, nas aventuras, etc. Sem contar que, desculpe, mas é muito mais legal brincar de Homem Aranha que de chazinho de bonecas.
E embora tudo seja possível e permitido, as chances de um menino brincar de chazinho são estatisticamente menores (e meninos tendem a reclamar menos tb segundo o Datafolha :-P).
Então veio uma menina, bem, ótimo! “O importante é ter saúde” já dizia a Cacá. Mas a Victoria – que agora já com 3 anos de idade – me dobrou ao meio. Me apresentou um universo completamente diferente! Como esssas meninas reclamonas são tbm carinhosas, lindas, sensíveis, apegadas… como elas tem vida!
Enfim, desde então, tenho aprendido a encontrar valor em coisas novas com um olhar diferente (coisas tipo ir para Disney e assistir – com prazer – a parada dos personagens).
Um dia perguntei para a Vickie qual era seu personagem favorito. Eu esperava ouvir como resposta a Bela ou a Ladybug dessa francezinha, mas a resposta foi: “boá domã”.
Sem problemas para mim porque ao longo do tempo acabei me especializando em desvendar e traduzir o que ela diz. Logo expliquei aos demais na sala que se tratava da Belle au bois dormant, ou seja, a Bela Adormecida.
Mas eu não conhecia a historia de Bela Adormecida por ser, ao meu ver, uma historia das mais “menininhas” e nunca me interessou. Fui atacado pelo meu comentário por ser bitolado e machista e que era a história favorita também das outras meninas da casa (eu estava ou não estava certo, afinal?).
Então, ouvi a Alice me contar do que se tratava a história (com brilho nos olhos) e assisti à versão da Disney depois com todas elas juntas.
Acontece que cada uma dessas histórias tem um fundo moral interessante por trás e ouvir pela primeira vez na idade adulta (ou ao menos rever) pode abrir um mundo novo (por exemplo, escrevi um artigo aqui sobre como a história dos 3 porquinhos se aplica tão bem às finanças).
Em resumo, por detras de tudo aquilo, estão um pai e uma mãe que festejam a chegada de um bebê à sua familia. Dentre todos os desejos para sua filha – simbolizados pelas benção das fadas presentes à festa – estão a beleza, a bondade, a voz encantadora, a inteligência, a riqueza…
Mas seus pais não se atentaram a algo muito importante: eles esqueceram de trazer para a festa, a Malévola. Esta simboliza a maldade do mundo.
Nós, pais e mães, por maior que seja a tentação de proteger nossos filhos de todo o mal da Terra, temos como maior responsabilidade e dever prepara-los para a vida adulta.
Os pais de Aurora, como muitos outros pais, não atentaram a isso.
Sem Malévola convidada para participar da vida de Aurora, ela vai crescer ingênua e despreparada (ao ponto de se apaixonar pelo primeiro homem que ver na vida).
Aurora não está preparada e essa era a mensagem de Malévola. Ela foi criada para ser uma criança, protegida e dependente para sempre dos desejos de seus pais. E por nunca ter conhecido a maldade, no dia em que se tornasse adulta (no seu aniversario de 16 anos – bem, o conto original data do séc. XVII) ela pagaria um preço alto por isso. A “Bela Adormecida” se tornará uma adulta que não acordou para a vida.
É o que acontece com pessoas que todos nós conhecemos por aí.
Desde então, percebi que interpretação parecida da história tiveram também outros autores e inclusive a própria Disney que lançou nos últimos anos o filme Malévola. A mensagem dessa vez não poderia ser mais clara: Malévola também é amor.
Preparar seu filho para a vida é uma das tarefas mais complicadas e que exige muitas vezes sacrifícios. É dificil ver seu filho cair, se arranhar, tropeçar, se magoar, sentir sua falta.
Mas é importante aprender a se levantar.
Aos pais, cabe ensinar-lhe regras, impôr limites, orientar. Ninguém vive de canto e beleza toda a vida. E por mais fofinhos que possam ser essas crianças, para o próprio bem delas, devemos criá-las para que se tornem adultos seguros, bem amados, mas também bem preparados.
Não podemos fingir que o mundo seja um conto de fadas. E se for, não podemos ignorar a existência da Malévola.
Se quiser proteger o seu filho no futuro, lembre de convidar desde cedo a Malévola.
Hoje, eu e a Vickie vamos assistir Malevola 2 e ela vai com o casaco que ela diz ser da Spider Girl.
A vida é surpreendente.
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Nas finanças pessoais, o mesmo se aplica. É importante nos prepararmos para os momentos difíceis. Crise, desemprego, inflação… são coisas reais.
Seja otimista, mas do tipo que vê beleza nas coisas que acontecem e nunca do tipo que espera que nada difícil vá jamais lhe acontecer.
Como escrevi no meu livro E se você não morrer amanhã?, o pessimista reclama do vento, o “otimista preguiçoso” acredita que ele vai mudar de direção. O “otimista mãos-a-massa” ajusta as velas.
A todos, um grande abraço!
Riko Assumpção
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