
Sobre a Reforma Tributária
Aumenta impostos aqui e reduz ali. Não parece de todo ruim, apesar do barulho que faz o Mercado Financeiro. Existem 2 pontos ao meu ver que são importantes:
1) Toda reforma neste estilo contém um grau de “risco de traição”. O que é? Eh a mudança de regras em vigor que age de forma retroativa impactando as decisões racionais tomadas com base nas regras que estavam em vigor e que ao mudarem, prejudicam esse tomador de decisão. Essas mudanças bruscas e “retroativas” geram um ambiente de incertezas. Quem montou a vida inteira um portfolio considerando que dividendos não eram taxados, se sente traído e considerá um nível de incertezas maior nas suas decisões futuras. Foi isso que atrapalhou o Governo Dilma, e que continua. Mesmo quem fala sobre rever as vantagens de funcionários públicos em posse, retroagindo para tirar os beneficios daqueles que tenham se empenhado tanto para passar nos concursos incentivados talvez justamente por estes benefícios. Quando você coloca em riscos os incentivos, você reduz a disposição para se investir.
Ha coisas que fazem parte da vida, mudanças ocorrem, mas o exagero atrapalha. Como se diz, no Brasil até o passado é incerto.
2) Particularmente, o aumento da faixa de isenção do IR não chega a me empolgar tanto. Acho que seria mais justo e benéfico para as rendas mais baixas a redução de impostos sobre o consumo, pois aí, você beneficia não apenas o trabalhador como também os desempregados, os informais, pequenos empreendedores, etc. Afinal, nem todos são trabalhadores, mas somos todos em algum grau consumidores, e no Brasil a carga tributária sobre o consumo parece desproporcional.
Queremos todos uma 3a via (mas tem que ser a terceira via que eu quero, senão não presta)
2022 ja parece estar começando errado. A polarização Lulismo-Bolsonarismo esta ai e apesar de muitos dizerem querer mudanças, na pratica não é o que parece acontecer. A 3a via so pode ser de esquerda? So se for da direita?
Ao meu ver, pouco importa. A “3a via” não só não precisa ser perfeita. Mais que isso: ELA NÃO PODE SER PERFEITA. Eh o fim dessa idolatria insana que deve marcar a ruptura com as outras 2 vias. O novo presidente deve estar sujeito a ser criticado (inclusive por quem votou nele), questionado pela midia, pelos demais países. Ele é um funcionario publico que deve satisfação a toda a população e não apenas à sua patota.
Enquanto não entendermos isso, estaremos sempre procurando 3as vias…
E não esqueçam que Bolsonaro em 2018 era ele mesmo uma 3a via (as 2 vias tradicionais até então eram o PT e o PSDB).
A trajetória do dólar
A queda recente do valor do dolar era esperada e parece um resultado direto do aumento da Selic, de uma sinalização de um novo ciclo de alta das commodities e anuncio de privatizações. Sempre disse que o patamar anterior era exagerado (embora uma parte disso seja autorrealizadora). Parece haver espaço para cair ainda mais.
Digno de nota, não deixa de ser engraçado ver gente comemorando o dolar no patamar atual. Há pouco mais de um ano, esse valor era inimaginável! Tenho um artigo que escrevi ha 7 anos sobre esse efeito e continua muito atual: Preço de Referência.
Direita ou Esquerda?
- Defesa do liberalismo econômico.
- Maiores poderes aos empresarios.
- Fim dos privilégios dos funcionarios publicos.
- Luta pela redução da gastança do Estado.
- Respeito às liberdades individuais e o direito privado às escolhas
Tudo isso que citei acima se refere ao surgimento do que hoje a gente chama de ESQUERDA. Foi na França do séc. XVIII e essa era a pauta. Para os que não lembram das aulas de historia, a Revolução Francesa foi uma Revolução Burguesa em meio ao crescimento do poder empresarial que resultava da Revolução Industrial que ocorria em paralelo. Os empresarios não queriam mais um Estado gastador e Centralizado.
Os termos “direita” e “esquerda” foram criados durante a Revolução Francesa (1789–1799), e referiam-se ao lugar onde políticos se sentavam no parlamento francês, os que estavam sentados à direita da cadeira do presidente parlamentar eram amplamente favoráveis ao “Ancien Régime”, ao Estado Maior.
Direita esta ligada ao conservadorismo, à manutenção das condições vigentes, de um mainstream. A esquerda é a ruptura, a mudança, a revolução.
O que ontem era pauta da esquerda, hoje pode ser da direita. Uma vez que o “novo” se torna o “normal” ele tende a deixar de ser pauta da esquerda e passa a ser alvo de defesa da direita.
Um precisa do outro. Sem mudanças não ha evolução, não ha progresso. Muito do que os conservadores defendem hoje é fruto de contruções revolucionarias do passado. O mundo nem sempre foi como é. E não precisa necessariamente continuar sempre sendo. A direita peca porque acredita que os “esquerdistas” não entendem como o mundo funciona, mas não é isso que eles querem. A preocupação é com o mundo que querem criar.
A esquerda peca em ignorar as razões que nos levaram onde estamos. Ao menosprezar as criações de diversas gerações passadas que lutaram para nos criar um mundo que eles consideravam na época ser um lugar melhor. A trancos e barrancos, eles conseguiram – ainda que o mundo não seja perfeito. Gerações, inclusive de “esquerdistas” revolucionarios como eles que mudaram o mundo.
A evolução não precisa ser sempre revolução. O mundo precisa melhorar, mas sem esquecermos do tanto que ja progredimos.
Acho que essa polarição entre direita e esquerda no Brasil especialmente é uma tristeza.
Espero que a gente finalmente encontre o meio.
A todos um grande abraço
Riko Assumpção
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