
“A defesa de um Estado menor e menos gastador, dos interesses da burguesia, da descentralização do poder e das liberdades individuais.”
Esta era a pauta da esquerda revolucionária francesa no século XVIII e você vai, curiosamente, encontrar muitas semelhanças com o que defende a direita brasileira atual.
Isso porque ao longo do tempo, direita e esquerda representam muito menos pautas próprias e fixas do que se possa imaginar. A direita não defende necessariamente um Estado menor, não sempre. Não era essa a pauta de Vargas ou do Regime Militar brasileiro como também não era em diversos governos de direita mundo afora.
A esquerda, por sua vez, nem sempre defendeu um Estado maior, como apontei na frase de abertura do artigo, na França revolucionária em que se criticava os gastos exagerados da monarquia.
Quando digo que direita e esquerda não defendem pautas, mas estado de espírito, o que quero dizer que o melhor talvez fosse defini-los como conservadores e progressistas como se faz em diversa linhas ideológicas. Isso porque o que define a direita como tal é a o fato de ser a corrente que defende a continuidade, o status quo, as coisas como são ou como deveriam ser hoje se as regras atuais fossem seguidas à risca.
O bom conservador acredita ter entendido o mundo como é e julga o progressista como um sonhador, um ideólogo, ou ainda alguém que não entende como o mundo funciona ou deveria funcionar. Nada novo precisa ser necessariamente introduzido, basta replicar o que já sabemos, o que já foi comprovado de uma forma mais efetiva para se alcançar o sucessso. São defensores das tradições da cultura, da religião, dos costumes e qualquer violação ou tentativa de mudanças são vistas como agressões e risco à sociedade em que vivemos e um convite ao caos e à desordem. Alias, tá aí a palavra preferida dos conservadores: ordem. E esta só pode ser adquirida no terreno em que já conhecemos.
Já o progressista é o revolucionário, o famoso “contra tudo isso que está aí”, ele quer mudar o mundo e não lhe faltam ideias. Enquanto o mundo não for perfeito ao seu ver, ele será alvo de mudanças. O progressista não ve necessariamente no passado boas práticas e nem no presente. Apenas o futuro que idealiza poderá ser melhor. Defendem a ruptura com as tradições culturais, linguísticas, religiosas, sociais de toda a forma. Um bom esquerdista não tem no mundo passado nenhum exemplo sólido em que se baseia o que quer. “Nunca deu certo” diz o conservador. “Porque nunca existiu” responde o progressista.
Numa sociedade, assim como em nossas vidas pessoais, uma dose equilibrada de segurança e ousadia é o que há de mais saudável. Por um lado, devemos valorizar os antepassados que com todos os erros cometidos foram capazes de criar tantos dos avanços que hoje usufruimos. Há tanto o que aprender com os antigos. Por outro, se podemos valorizar hoje o que foi criado, foi, diga-se de passagem graças à ousadia dos antigos que buscaram romper com o que existia antes. Aliás, todo bom conservador de hoje em dia defende valores que um dia foram defendidos por progressistas em algum momento na história. Mesmo o Cristianismo, símbolo maior da direita ocidental atual, representou num momento da história a ruptura com os conservadores judeus e romanos.
A bem da verdade, conservadores e progressistas se completam e podem trazer juntos a Ordem e o Progresso, alvo do desejo ainda nunca antes alcançado no Brasil – embora não surpreenda o porquê.
Talvez se buscassemos entender um pouquinho melhor a importância dos que pensam diferente de nós numa democracia, talvez pudessemos juntar forças para a construção de um país melhor no futuro – sem abrir mão do que já conquistamos.
Certamente seria muito mais construtivo que culpar o outro pelo Caos e o Regresso que temos vivido.
A todos, um grande abraço
Riko Assumpcao
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