Um dos maiores medos do brasileiro é se tornar uma “Venezuela”, e, num prazo mais curto, “uma Argentina”.

Ninguém pode dizer que os dois países sejam os melhores exemplos de sucesso na história econômica e social recente no mundo, mas no caso da Argentina, será que o país está tão pior que o Brasil assim?

Num Brasil rachado e tomado por discursos ideológicos parciais e cegos, dados e fatos são retrabalhados e trocados por correntes de Whatsapp que não encontram fundamentos no mundo real. O risco de mostrar números oficiais é que estes serão refusados por “todo mundo sabe que…”, “quem confia em dados oficiais?” e “meu amigo que é argentino disse… “.

É verdade que por um lado, a inflação argentina está fora do controle há anos e o risco de calote da dívida é recorrente. A gestão do câmbio, como consequência, é um caos. A força que tem o real, tbm do ponto de vista inflacionário, é inquestionavelmente a maior entre as moedas latino americanas graças ao respeito como Instituição que tem o Banco Central do Brasil e à Lei de Responsabilidade Fiscal (criada no Governo FHC – a mesma que derrubou a Dilma em 2016).

Do ponto de vista social e em termos de força econômica, no entanto, a história é um pouco diferente: o PIB per capita argentino é bem superior ao brasileiro (em 2021, 10,700 USD na Argentina e 7,500 USD no Brasil). O índice de desemprego é maior no Brasil, (8.9%) do que o da Argentina (6,9%). Por fim, o IDH que é o Indice de Desenvolvimento Humano, um KPI que pretende indicar o grau de desenvolvimento de um país, o da Argentina é bem mais alto, 0.842 (2° maior da América Latina, atrás apenas do Chile e não muito atrás) e o do Brasil está a 0.752 atrás do Peru e empatado com o da Colômbia.

A economia da Argentina não cresce há anos, mas a do Brasil também não. O risco do Brasil “virar uma Argentina” me parece muito mais um belo discurso marketeiro e ideológico nesse momento. Governos de direita tem como bandeira um patriotismo que muitas vezes cega e prega que tudo na sua patria é melhor que em qualquer outro lugar do mundo. No caso mais extremo da história recente, alemães pregavam serem até de uma raça diferente e superior a todas as demais do mundo – tão extremo foi o ponto que chegou o nacionalismo no país.

É claro que não queremos estar como os argentinos naquilo em que eles não vão bem. Certamente virar uma argentina no câmbio e na inflação seria o pior dos mundos, mas se for para nos tornarmos “uma Argentina” na melhor educação (pelo ranking do PISA e menor analfabestismo), na maior segurança (menor taxa de homicidios a cada 100 mil habitantes / 20,8 vs. 6,5), na maior riqueza gerada por pessoa (PIB per capita), no desemprego mais baixo, na melhor distribuição de renda (indice de Gini 50 vs. 42)… me parece que não teriamos muito a perder não.

A todos, um grande abraço!

Riko Assumpcao

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