O que tenho feito – Janeiro 2023

O que tenho lido: Cartas de um Estoico Volume III do Seneca.

“É trágico para a alma estar sempre apreensiva sobre o futuro, miserável em antecipação da miséria, consumida pela ânsia de manter até o fim de sua vida os objetos que lhes dão prazer.

Tal alma jamais estará em paz. Apreensiva em relação ao futuro, ela estará perdendo as bênçãos presentes que poderia aproveitar. E não há diferença entre a tristeza de ter perdido algo e o medo de perder.

Todas as coisas que a sorte nos traz podem ser produtivas e prazerosas apenas se aquele que as recebe está em posse de si mesmo – e não está sob controle dessas posses.

Qualquer bem dos mortais é também mortal.

A frase acima de refere a ‘bem’ no sentido de objetos, pois o bem real não perece, é certo e duradouro e consiste em sabedoria e virtude.

Mas os homens são tão rebeldes e esquecidos de seus objetivos que se surpreendem quando perdem algo, mesmo se é sabido que estamos destinados a perder todas as coisas. Tudo que está em sua posse não é seu, pois não há força real no que é frágil.

Nós devemos perder nossas vidas com tanta certeza quanto perdemos nossos pertences, e entender essa verdade é em si um consolo. Perca em equanimidade, pois você deverá perder sua vida também.

E como devemos encarar essas perdas? Simplesmente mantenha na memória as coisas que perdeu e não sofra pelo prazer ter ido embora, pois a posse pode ser tirada de nós, mas ter tido a posse, jamais. Um homem é ingrato no maior nível se após perder algo, ele não se sente grato por tê-lo recebido um dia. A sorte nos rouba o objeto, mas nos deixa o seu uso e o prazer que ele nos deu – e nós teremos perdido tudo se formos tão injustos de nos queixamos.”

(carta 98, Seneca – há 2 mil anos)