Imagine uma moeda totalmente digital, independente, ou seja, sem intervenção de nenhum banco ou organismo de Governo, que pode ser trasferida para o outro lado do mundo em apenas alguns cliques, sem tarifas, sem taxas e sem controle estatal.

A Bitcoin (BTC) foi a primeira das chamadas criptomoedas, criada em 2008 por uma pessoa de identidade até hoje desconhecida de codinome “Santoshi Nakamoto”. A proposta era ousada: tirar os intermediários financeiros tanto das transações quanto da criação de novas moedas. Todas as transações seriam digitais, se dariam diretamente entre as partes envolvidas e seriam registradas na Blockchain, uma tecnologia revolucionária que nasceu junto com a Bitcoin e serve como um banco de dados enorme que registra todas as negociações.

Portanto, essa nova moeda não seria controlada por nenhum governo ou Banco Central e nenhuma Casa da Moeda iria imprimi-la. Seu valor dependeria exclusivamente da sua oferta limitada (cada vez menos moedas serão criadas) e do interesse dos usuários pela moeda (estimulados por sua raridade).

A moeda se popularizou rapidamente e seu valor viu o céu. Para se ter uma ideia, uma Bitcoin, cujo valor não passaria de US$ 0.40 em 2010, estava cotada na casa dos US$ 17 mil em Dezembro de 2022. Ou seja, se você tivesse comprado apenas mil dolares em Bitcoins em 2010, hoje teria algo em torno de 40 milhões de dólares. Tudo isso em pouco mais de uma década!

Então foi a corrida do ouro: o aumento da procura pela moeda fez seu valor disparar. Os ganhos, por sua vez, atraiam novos investidores, todos com o sonho de multiplicar seu patrimônio de forma mágica num curto espaço de tempo. Um círculo vicioso que se auto alimentava.

No meio desse processo, muitos eufóricos chegaram a decretar o fim próximo das moedas tradicionais e que todas as transações econômicas e financeiras ocorreriam diretamente em Bitcoin. Hoje, esse hype parece ter passado e a Bitcoin já não é mais vista pela maioria como uma sucessora das moedas tradicionais. A questão fundamental é que uma moeda deve ter três funções básicas: 1) ser meio de troca: intermediário entre bens e serviços; 2) unidade de conta: ser o instrumento pelo qual os bens são cotados; e 3) reserva de valor: poder de compra que se mantém no tempo.

A Bitcoin não é um meio de troca porque o número de estabelecimentos que aceitam hoje pode até estar aumentando, mas ainda é muito limitado! Não é unidade de conta porque os bens continuam cotados em seus valores em moedas tradicionais; e não é reserva de valor porque a volatilidade da moeda cria oscilações enormes.

Então, qual a vantagem da Bitcoin, afinal? A maior delas é sua raridade. Como existe apenas uma oferta finita da moeda, os usuários a veem sim como uma reserva de valor, mas não como uma moeda tradicional e sim como por exemplo o diamante, o ouro ou outros metais e pedras preciosas. Além disso, o Bitcoin atrai também fãs de teorias da conspiração e ancaps (anarco-capitalistas) que profetizam futuros Estados que confiscariam os bens de toda a população.

Há de se admitir também que ao tirar o controle do Governo do jogo, a Bitcoin simplificou a vida dos que a utilizam para fins ilegais como tráfico e lavagem de dinheiro – o que sempre acaba por gerar debates e até mesmo no caso mais extremo a proibição da moeda, o que já acontece na China e em outras nações da África e Ásia.

Vale a pena investir?  Se você já investe em outros ativos, possui casa própria, reserva de segurança etc, Bitcoins podem ser um fator de diversificação na sua carteira de investimentos, contanto que de forma moderada. Mas atenção, pois trata-se de um investimento extremamente volátil em que você pode ganhar ou perder muito em pouco tempo. Alguns exemplos de cotação de Bitcoin em dólar ao longo do tempo:

01/01/2017: $908                    10/12/2017: $19 mil

09/12/2018: $3 mil                 02/05/2021: $59 mil

27/03/2022: $46 mil               25/12/2022: $17 mil

Como investir?  A maneira mais fácil é através de uma corretora de valores tradicional, onde você pode comprar fundos que investem em diversas criptomoedas para você (e até fundos negociados em bolsa, os chamados ETF). É fácil e cômodo apesar de você ter que pagar uma taxa de administração para isso e as moedas não ficarem armazenadas diretamente com você.

O método mais tradicional, no entanto, é através de uma exchange (uma espécie de casa de câmbio) especializada em criptomoedas. O ideal é que após a compra, você passe essas moedas para sua wallet pessoal onde as Bitcoins ficarão armazenadas com você.

Bitcoin pode ser convertido em dinheiro?  Claro, através dessas mesmas exchanges.

O assunto é complexo e gera muitas emoções. Há os que apostam que a Bitcoin será um marco no futuro da humanidade, uma verdadeira revolução tecno-financeira.

Há os que dizer ser apenas uma bolha próxima a ser estourada.

A Bitcoin até então tem resistido ao tempo conquistando muitos usuários fanáticos.

Faça o que for, só recomendo uma coisa: fique longe de pirâmides que dizem investir em cripto e prometem rendimentos garantidos surreais todo mês.

A todos um grande abraço!

Riko Assumpção

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