“As distinções sociais só podem se fundamentar na utilidade comum” Artigo I, Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, França, 1789.
Nem todo rico é sortudo, nem todo pobre é coitado. Embora a desigualdade de renda seja tratada como um problema universal, muitas das pessoas que o fazem, concordam que trabalhar demais não compensa ou que dinheiro não traz felicidade. Mas traz. Para alguns mais do que para outros, é verdade.
Acontece que a percepção de sucesso varia de um ser humano para outro. Para uns, felicidade é deitar na rede num fim de tarde, numa cidade pequena à beira do mar após um dia de pesca e entrar para dormir em sua cabana. Para outros, pode ser viajar e conhecer o mundo. Outros podem preferir ter um bom carro e uma casa confortável… Isto significa que o pescador seja menos feliz do que um mochileiro e este menos do que um empresário? Acho que não, né?
Pessoas possuem valores distintos e entender e respeitar isso é a chave para a construção de uma sociedade melhor.
Não, a desigualdade de renda não é o problema em si. Não quando é meritocrática. Ser pobre pode ser uma decisão… e sábia até. Gente que prefere trabalhar menos, passar mais tempo com a família… achar a “qualidade de vida” na simplicidade, por que não? Quem pode chamar de infeliz o homem que tem tempo para assistir o sol nascer e se pôr todos os dias, conviver e educar seus próprios filhos?
Por outro lado, que mal pode causar à sociedade o homem que ganha sua vida honestamente, que produz e oferece à sociedade o que ela precisa, abdicando de seu tempo, de seus prazeres em troca do seu dinheiro suado, que lhe é de direito? Seja ele o padeiro que acorda as 5h todos os dias para fazer o pão, seja o homem do campo ou um executivo.
O problema não é pessoas que vivem de formas desiguais terem recompensas desiguais. O problema é o homem querer produzir, querer conquistar e não poder… enquanto o neto do barão usufrui de todas as possibilidades mas as desperdiça. Esse é o problema: a desigualdade de oportunidades.
Mas este não é um texto coitadista, que prega que uns nunca conseguirão enquanto outros estão com a vida ganha. Muito pelo contrário. Estou certo de que oportunidades se criam e que quem quer pode conseguir, independente de onde venha. Mas o fato é que uns terão que se esforçar mais que outros.
Honestamente, dá para entender a tendência esquerdista de uns adolescentes… Imagina, com 20 anos, você olha para o lado e vê seu amigo esforçado, inteligente e sério, trabalhando de dia para pagar a faculdade que faz a noite enquanto outro amigo mata aula na faculdade cara bancada pelos pais para sair para beber em seu carrão 0km.
Mas quando você envelhece, as escolhas que você toma voltam a você. Você percebe amigos como o da faculdade noturna se dando bem e outros, como o do carrão, perdidos no “não sei o que eu quero fazer da vida”… percebe que a vida, no fim, é muito mais justa do que parecia ser quando você era mais novo…
Então, quando escuto que devemos ajudar aos pobres, penso: que pobres? Os que tiveram menos oportunidades ou os que tiveram mas não souberam ou não quiseram aproveita-las? É bem verdade que no Brasil, o primeiro grupo parece ser muito mais extenso… mas quantas vezes você já escutou dizerem que “trabalhar muito não é vida”, que juntar dinheiro não compensa porque “você pode morrer amanhã”… para depois dizer que o cara que acordava de madrugada para estudar, trabalhar, aguentava esporro de chefe, abria mão de consumir por objetivos mais longos e etc “teve sorte”? Ou fazê-lo se sentir culpado por ter conseguido? Aí não dá.
Estou convicto que lutar por uma sociedade mais justa é buscar a construção de uma maior igualdade de oportunidades para os cidadãos. Mas jamais uma igualdade de renda.
Até porque renda nem é tudo mesmo…
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PS.: A palavra “estupido” no titulo do texto nao possui a intencao de ofender nenhum leitor. Trata-se apenas de uma expressao conhecida no meio economico eternizada pelo “It’s the economy, stupid“, indicando apenas que a contestacao original tenha sido mal formulada.
Realmente, porém eu percebo que a oportunidade geralmente está ligada a renda. A meritocracia resta prejudicada quando temos pessoas em condições diferentes de competição por causa da renda de que dispõem. Um bom colégio, um bom cursinho preparatório, boas condições de estudo e concentração, boas condições de alimentação e descanso, são coisas hoje ligadas a renda de que as pessoas dispõe. Os cursos e concursos mais concorridos são preenchidos por pessoas que tiveram condições de se preparar da melhor forma e geralmente fizeram o curso preparatório que mais aprova ou algo do tipo. A
Acredito que igualdade de oportunidades passa por uma melhor distribuição de renda.
E essa ideia de chamar a pessoa de estúpido pode ofender os clientes que discordem de você.
Felipe, obrigado pelo comentário. Na verdade minha intenção não é de chamar ninguém de estúpido. Esta é uma expressão no meio da Economia, que diz “It’s the economy, stupid”. O “estúpido” no fim significa apenas que a constatação está errada. E não discordo doq vc diz. Pelo contrário, oq o texto diz é que não é a desigualdade de renda mas oq a causa “a desigualdade de oportunidades” que é o grande problema. Abraços